terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Uma era de abas e papadas iluminadas

Comunicadores.info:

Proponho um desafio: leia esse texto, até o fim, sem sair da frente do computador, sem trocar de aba do navegador ou sem desviar a atenção para a televisão que está próxima a você.

Semana passada, eu estava no metrô, ouvindo música no meu celular e lendo um livro, quando, distraído, reparei nas pessoas no vagão. Contando por cima, havia uns 20 indivíduos ali, dos quais mais da metade tinha algo para “matar o tempo” (música, jornal, joguinho, e-book, tablet…). No mesmo dia, reparei na diferença das expressões inglesas kill time e spend time. Kill time se refere a arranjar algo para matar o tempo perdido, como horas em que você fica no metrô sem fazer nada, ou no aeroporto esperando por um avião. Spend time, por outro lado, se refere ao uso do seu tempo propriamente dito: você pode spend your time passeando durante o fim de semana, ou estudando para uma prova difícil da semana que vem.

Entenderam a diferença? Pois bem, eu não.

Não entendo, por ver constantemente gente killing e spending time ao mesmo tempo. Há umas duas semanas, estávamos spending time com uns amigos em um bar, quando reparei que uma menina não desgrudavam os olhos do celular. De dois em dois minutos, o Whatsapp notificava que alguém, em outro lugar do mundo, também estava olhando fixamente para o celular para responder a ela.

De imediato, minha vontade foi dizer que não é legal ficar prestando atenção no celular enquanto ela estava ali, com pessoas reais ao redor dela. E, pior: falar o quanto a luz do celular embaixo do seu rosto ressaltava sua papada num ambiente escuro. Considerando sua vaidade, aposto que pelo menos o segundo argumento teria algum impacto. Mas quanto ao primeiro, fiquei pensando. Será que, para ela, a realidade era a mesma? Talvez não, poderia ser o inverso. Talvez, na ótica dela, o celular fosse a prioridade, e a gente, o bar, a bebida e o mundo físico, o segundo plano naquele momento.

Percebi, então, que estamos acostumado a falar de foco, em um tempo em que essa palavra já não existe mais.
“Foco é coisa do passado. No mundo moderno, queremos sentir tudo o tempo todo. Não faz sentido em apenas dar um passeio no parque quando podemos também ouvir música nos fones de ouvido, mastigar um cachorro-quente, vestir solas vibratórias no seu máximo, e observar o carnaval ambulante da humanidade. Nossas escolhas berram o credo de uma nova ordem mundial: estímulo! O pensamento e a criatividade se tornam subservientes à meta singular de saturar nossos sentidos. Mas sou da velha escola. Se você não estiver preparada para se concentrar em mim quando estiver comigo – conversa, toque, nosso momentâneo entrelaçar das almas –, então sai da minha frente e volte para seus 500 canais de vida com som surround.” (Neil Strauss)
Assistimos a vídeos no YouTube, enquanto escrevemos para blogs e respondemos no Facebook. Lemos e ouvimos músicas ao mesmo tempo. Assistimos TV com o notebook no colo e o celular na mão. Acreditamos, sem dúvida alguma, que temos cérebros multitarefas e que, assim como nos navegadores, podemos abrir tantas abas quanto quisermos.

E isso vicia. Faça um experimento: a cada dia, comece a colocar 5% de sal a mais nas suas refeições a partir de hoje. Em quinze dias, quando a quantidade de sal terá praticamente dobrado, volte a comer com o tempero que você como agora. A resposta vai estar ali, naquele prato sem gosto, que há quinze dias era delicioso para você.

Os textos e os parágrafos estão diminuindo, enquanto as cores e intensidade das TVs e dos telões estão aumentando. Precisamos ser estimulados cada vez mais, precisamos matar nosso desejo por mais e mais sal, fugimos a todo custo do grande inimigo da nossa geração: o tédio.

Tédio é abstinência de estímulos: é o silêncio agressivo para os que estão acostumado com fones de ouvidos escandalosos; é a palidez de um dia nublado para os acostumados com a alta resolução 3D de um televisor gigante; é a chatice de uma conversa a dois, para os acostumados a conversar com vinte amigos no bolso; é, por fim, a incômoda sensação de precisar pensar, para os que estão acostumado apenas a sentir.

Beethoven, meus caros, não escreveu a Nona enquanto conversava no Facebook. Hemingway não escreveu seus contos em frente a uma TV. Da Vinci não criaria milhares e milhares de invenções, se tivesse milhares e milhares de abas abertas em seu navegador. Freud não conheceria a fundo o funcionamento humano, se observasse apenas papadas iluminadas. Davemos muito, portanto, ao tédio – por ter dado a alguns gênios tempo para mudar nossa vida de hoje.

E quanto a nós?

Queremos continuar gastando mais de cinco horas diárias no Facebook, sem produzir absolutamente nada, e mentir para nós mesmos que estamos, pelo menos, sendo sociáveis?

Queremos reduzir nossa produtividade para matar nosso desejo pelo sal?

Queremos perder um aprendizado importantíssimo de um texto ótimo, só por trocar a aba para o YouTube?

Foco é resultado de exercício. Faça o teste inverso: tire 5% do sal da sua comida, diariamente, acostume-se com o sabor, e em quinze dias repare em como você aproveita mais os diferentes sabores da sua refeição. Esforce-se, por mais difícil que seja, para dar 100% de sua atenção para sua atividade principal, e perceba a visível melhora no resultado. Desligue as notificações de seu celular e note como as pessoas ao seu redor são interessantes. Passe vinte minutos parado, pensando, e perceba o quanto isso pode melhorar seu dia.

Se nada disso funcionar, lembre-se de como você fica feio com sua papada iluminada, e tenha o bom senso de guardar o celular.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

PEC 171/1993



Por culpa da Paola Fernanda​ eu fui ler o site da câmara(que site lixo para ser lido) e analisei o texto da PEC 171/1993(serio mais de 20 anos eles enrolaram pra votar isso).

O texto da lei não é tão revolucionário como esta sendo pregado.
Apenas alteração quanto aos crimes do art 5º XLIII, de homicídio doloso, lesão corporal grave, lesão corporal seguida de morte e roubo com causa de aumento de pena.

Ou seja não será uma redução geral.

E os menores não ficarão nas mesma instituições que os adultos.

Por fim, levando em conta esta analise e se o texto aprovado for esse.
A minha opinião sobre a aprovação deste projeto de lei mudou, passei a ser favorável a ele(xinguem a Paola).

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Mas existem pontos controversos:

- sobre a separação de instituições: eles ficaram nas mesmas que atualmente abrigam os menores? existe a previsão para construções de instituições mas isso levara tempo e até a conclusão da construção como será feito?

- sobre o cumprimento da pena: o projeto de lei não discute sobre o cumprimento da pena, não diz se a pena será cumprida integralmente como os adultos, não diz como será feito quando completar a maioridade.

Então é só mais uma emenda que não vai emendar direito, pois vai ser necessário mais alterações na lei para atingir a finalidade real, e todo o alarde que esta sendo feito deve ser para distrair de algum outro assunto mais importante.


Toca o barco...

terça-feira, 10 de junho de 2014

A coragem de Carlos


Todos os dias para chegar em sua casa Carlos passava por uma pequena viela, e todas as vezes Carlos sentia que estava sendo observado, mas nunca parou ou olhou para trás para confirmar.
Carlos nunca foi muito corajoso, mas naquele dia teve um surto de coragem, parou, olhou para trás e com toda força de seus pulmões gritou: Quem esta ai? Por quê esta me seguindo?
De trás de uma grande lixeira sai um mendigo que vivia por aquelas bandas, de forma enlouquecida o mendigo gritava: sai do meu quintal aqui é minha casa e não te quero por aqui.
Carlos, que já conhecia o mendigo, esboçou um sorriso despreocupado, virou-se e seguiu seu caminho pensando: todo esse tempo e era apenas o mendigo louco do bairro, apenas o mendigo louco, mendigo louco, louco. quando pensou em virar-se para olhar o mendigo, sentiu um golpe forte na lateral de seu cranio, caiu no chão ainda consciente e pode ver claramente quando um segundo golpe era lançado em seu rosto.

sábado, 7 de junho de 2014

A geração Y (e o que ela pode aprender com a X)


Nota do editor: recentemente a agência de pesquisa brasileira Box1824 lançou o vídeo abaixo. Nele, as diferenças entre as últimas três gerações são exploradas em contraste à geração Y, da qual você faz parte se nasceu entre a década de 80 e o início da década de 90. 
O vídeo é interessantíssimo e oferece contextualização necessária para o texto que vem a seguir. Essencial assistir antes de ler.

Youtube | Você se identifica?
Depois dos cínicos e gananciosos nascidos sob a égide da chamada geração X, eu poderia jurar que a próxima letrinha nessa sopa viria a descrever algo próximo aos hippies, uma geração que retomaria os valores da arte e dos cordões de missangas com cabelos pelos ombros e bolsas de couro. Se tivesse apostado, teria perdido. A geração Y é, na verdade, a geração X que fala mais palavrão e não gosta de receber ordens. Não vejo como nada além disso.
Me preocupo muito de estarmos vendo crescer uma geração de gerentes mal educados e diretores descoladinhos e resmungões. Nasci em 1980, mas não comungo dos valores da geração Y em nenhum aspecto. Nenhum. E o principal deles é talvez o maior motivo de indignação de um membro desta geração quando falo à respeito: eu não sonho em ser empreendedor.
É, simples assim. Eu já tenho uma profissão, tenho algo que, sem falsa modéstia, faço muito bem, que é escrever. Por que diabos sonharia em abrir um negócio? Posso até acabar fazendo isso, não cuspo para o alto, mas já tem algo que faço bem, e me contento em ser (bem) pago por isso.
Ao contrário dessa geração, não tenho o menor problema em ter chefe. Sou old school em se tratando de trabalho: eu faço o meu, você me paga e todos ficam felizes. Sem mistério. Para mim, ser bem remunerado pelo meu trabalho é o suficiente.
Não tenho essa necessidade de ter uma caneca escrito “The Big Boss” nem de ser capa da revista tal como “o empreendedor mais jovem de Iguaba Grande”. Não sonho em vender uma empresa para o Google nem em dar palestras sobre empreendimento aos quinze anos de idade. Só quero fazer o meu trabalho bem feito, ser pago para isso e ir para casa. Mas para a geração Y isso parece ser mais do que um crime.

Dez entre dez membros da geração Y sonham em empreender, odeiam ter chefe e só pensam no dia em que vão ter suas próprias empresas cheias de brinquedos em cima da mesa e frases motivacionais pelas paredes. Já eu não tenho desejo algum de ir a reuniões com investidores vestido de pantufas e camisetas engraçadinhas. Minha meta de vida não é trabalhar deitado em pufes, tomando café e postando fotos hiper-expostas das formigas da parede. Meu objetivo profissional não é ter uma empresa de paredes coloridas onde todos tenham cargos com nomes importantes – me perdoe aí, Vice-Presidente Organizacional de Inventário ou coisa que o valha.
O que me intriga é que esse “sonho” de empreender é, muitas vezes, um sonho vazio. Parece que o que importa é abrir uma empresa. Aliás, empresa não: uma start-up. Mas de quê? Ora, quem se importa! Seja você dono de uma recicladora de lixo ou de uma agência de porquinhos da índia adestrados, o que importa é empreender, não ter chefe e poder espalhar quadros com frases de cinema pela sua sala.
Outra grande aversão que eu tenho à geração Y é que, para muitos deles, a aparência importa mais que o próprio trabalho. Parece que chegar em uma reunião de patinete meia hora atrasado é mais importante do que o trabalho que você trouxe debaixo do braço. Pouco importa se você tem um ótimo trabalho; o que importa é não se vender e não usar camisa social e gravata. Conheci dezenas de profissionais da geração Y que tinham uma ótima fama. Eram considerados profissionais renomados. Mas só até que você visse um trabalho deles. A aura de bom profissional era sustentável em si mesma, e não amparada pelo trabalho em si, porque em muitos casos eles priorizam a imagem em detrimento do próprio trabalho. A prioridade não é ser um bom profissional, mas apenas parecer um.
Pelo modo como percebo as coisas, a geração X nos deixou três grandes ensinamentos:
  • Se preocupe mais com fazer do que com ser. Por sua vez, se preocupe mais com ser do que com parecer.
  • Chefe é apenas uma condição. Ninguém é chefe, e sim está chefe. Talento, por outro lado, não é uma condição. É para sempre. Então, se você tem um talento, não se preocupe em não ter chefe. Mas se você é chefe, ainda assim procure o seu talento. Fazer bem o seu trabalho é o principal. Ser chefe é secundário.
  • Se você tem um talento, pouco importa se você se veste descolado ou como um vendedor de seguros. Um gênio mal vestido é um gênio, enquanto um idiota bem vestido continua sendo um idiota.
A geração Y deveria se lembrar mais deles.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Por unanimidade, Justiça condena o coronel Brilhante Ustra como torturador da ditadura

O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o mais notório torturador da ditadura militar, segundo o professor Fábio Konder Comparato
O juiz Gustavo Teodoro considerou procedente a ação da família Teles e declarou oficialmente Ustra torturador. Os Teles: Janaína, Edson, Amelinha e César
Amelinha Teles: “É preciso botar um fim na impunidade dos torturadores da ditadura militar”
Atualização às 14h18: Por unanimidade (3 x 0), o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra como torturador. A informação nos foi passada, em primeira mão, por Antonio Carlos Fon, jornalista e ex-preso político, que acompanhava o julgamento.
Fim da impunidade para o mais notório torturador da ditadura militar. Vitória histórica.
Abaixo a matéria que postamos antes do julgamento. Uma entrevista com a ex-presa política Amelinha Teles, torturada pessoalmente por Ustra, assim como o seu companheiro César Teles e a irmã Criméia de Almeida. Ustra levou ainda os dois filhos de Amelinha — na época, Janaína tinha 5 anos de idade e Edson, 4 –  ao DOI-Codi/SP, de camburão, para pressionar psicologicamente os pais. Eles viram a mãe na cadeira do dragão.
por Conceição Lemes
Nesta terça-feira 14, o Tribunal de Justiça de São Paulo julga o recurso do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex- comandante do DOI-Codi/SP, contra a sentença que o condenou como torturador.
Em outubro de 2008, o juiz Gustavo Teodoro, da 23ª Vara Cível do Fórum João Mendes, reconheceu-o oficialmente como responsável pelas torturas sofridas por Maria Amélia de Almeida Teles, César Augusto Teles e Criméia de Almeida, em 1972, naquele órgão de repressão.
Considerado pelo professor e jusrista Fábio Konder Comparato como “o mais notório torturador do regime militar”, Brilhante Ustra tentou transferir toda a culpa de seus atos hediondos  para o Exército, mas não teve sucesso. Em sua sentença, o juiz Gustavo Teodoro afirmou que o DOI-Codi era “uma casa dos horrores, razão pela qual o réu não poderia ignorar o que ali se passava”. E concluiu:
 ”Não é crível que os presos ouvissem os gritos dos torturados, mas não o réu. Se não o dolo, por condescendência criminosa, ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais dos autores”.
“O Ustra, na época major, me torturou, torturou o meu companheiro César e minha irmã Crimeia, grávida de 7 meses”, relembra Amelinha Teles, como é conhecida Maria Amélia. “Meus filhos – Janaína tinha 5 anos de idade e o Edson, 4 – foram seqüestrados e levados de camburão até o DOI-Codi, como forma de pressão psicológica contra nós.”
“De modo que a decisão do doutor Teodoro foi histórica. Pela primeira vez na Justiça brasileira se falou em imprescritibilidade dos crimes por violações dos direitos humanos”, salienta Amelinha. “Esperamos que a segunda instância ratifique a decisão da primeira instância, porque tem de se fazer justiça.”
A audiência começa às 13h.
Em frente ao prédio do TJ-SP, na Praça da Sé, haverá nesse horário um ato com a participação de vários grupos e entidades: Coletivo Merlino, Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Cooperativa Paulista de Teatro, Cordão da Mentira, Estável – Companhia de Teatro, Frente do Esculacho Popular, Grupo Quem, Kiwi – Companhia de Teatro, Levante Popular da Juventude, Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Químicos.
Haverá também um debate com:
Expedito Solaney – secretário nacional de Políticas Sociais da CUT
José Augusto Camargo – presidente Sindicato dos Jornalistas
Lúcio França – Comissão de Direitos Humanos OAB-SP
Márcio Sotelo Felippe – Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça
Osvaldo Bezerra – coordenação política Sindicato dos Químicos
Pedro Estevam Serrano – professor de Direito Constitucional – PUC-SP
Para os mais jovens entenderem melhor o significado deste julgamento de hoje, segue a íntegra da entrevista que fizemos com Amelinha Teles, torturada pessoalmente por Ustra.
Viomundo – Quem é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra?
Amelinha Teles – É um oficial do Exército, atualmente reformado. Em 1972, quando minha família e eu fomos presos, ele era major do Exército e comandante do DOI-Codi de São Paulo, que era um centro de tortura.
O Ustra, como comandante do DOI-Codi, fez parte das estratégias políticas da ditadura para sequestrar mulheres, homens, crianças, torturar, assassinar, ocultar cadáveres.
Quem passa hoje pela 36ª Delegacia de Polícia de São Paulo, na rua Tutóia, acha que é uma delegacia qualquer. Só que nos fundos, na época da ditadura, funcionou o primeiro órgão de repressão ligado ao Exército. Foi chamado inicialmente de Operação Bandeirante – a Oban – e depois se transformou em Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Internao DOI-Codi/SP –, que daí se estendeu por vários estados brasileiros.  
Muitos dos integrantes da Operação Bandeirante, entre os quais o Ustra, começaram a fazer parte não só do DOI -Codi, mas também de um esquema de eliminar os opositores políticos na região do Cone Sul: Chile, Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai. O próprio Ustra foi a outros países para fazer este tipo de ação, de eliminação, mesmo.
Viomundo – No seu caso, como é que foi?
Amelinha Teles – Eu e meu marido estávamos acompanhando um dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o Carlos Nicolau Danielli, e fomos presos juntos em 28 de dezembro de 1972. Nós fomos testemunhas oculares do assassinato do Danielli. Torturam-no tanto que ele morreu três dias depois, em 30 de dezembro, nas dependências do DÓI-Codi, sob o comando do então major Ustra.
Eu fui torturada pelo Ustra praticamente no primeiro minuto que cheguei ao pátio da Oban. Vendo o Danielli sendo espancado, levando chutes, já ali no pátio, o César sendo torturado, eu falei alguma coisa no sentido de fazer um apelo, que não era possível tratar um ser humano daquela forma. Ele, com as costas da mão, me deu um safanão no rosto, me jogando no chão, gritando: foda-se!
Foi a senha para que os demais torturadores me arrastassem pelos corredores, me levassem até a sala de tortura e começassem também a me torturar.  Me colocaram no pau de arara e na cadeira do dragão, fui submetida a afogamento, choque elétrico por todo o corpo, inclusive nos órgãos genitais, palmatória.
O Ustra foi buscar então os meus filhos e a minha irmã na nossa casa. As crianças foram levadas para a sala onde eu estava sendo torturada na cadeira do dragão, toda urinada, com fezes, vômito, sangue pelo corpo.
Viomundo – Quantos anos tinham os seus filhos?
Amelinha Teles – A Janaína tinha 5 anos de idade e o Edson, 4. Eles foram sequestrados da minha casa e levados para DOI-Codi, para nos pressionar psicologicamente. Além de mim, ele torturou fisicamente o meu companheiro  César Augusto Teles, minha irmã Criméia de Almeida, que estava grávida de 7 meses, e psicologicamente os meus filhos.
Meu filho Edson ficou em estado de choque, um dia disse: “Mãe, o que aconteceu aqui? Por que você está verde e o meu pai ficou azul?”
Teve uma hora que eu falei para o Ustra: “Por que o senhor faz isso [tortura] com meu marido? Ele está diabético e tuberculoso!” Ele respondeu: “Nós vamos continuar. É bom para ele tenha agora um câncer”.
O Ustra era o homem da Operação Bandeirante. Ali, foi uma escola de tortura, que mandou torturadores para vários estados brasileiros e países, para perseguir militantes políticos de oposição à ditadura. Naquela época, ele tinha uma influência muito grande. Ele estava sempre gritando, dando ordens, criando um clima de verdadeiro terror naquele inferno. Eles mesmos diziam: “Aqui, você está na  Oban, aqui você está no inferno”.
Viomundo – O que o Ustra queria saber de você?
Amelinha Teles – Ele queria saber se eu tinha contato com o João Amazonas, que era presidente do PCdoB. Ele queria também que eu entregasse oito militantes do PCdoB.  Essas, segundo ele, eram a razão de eu estar sendo torturada. Acho que eles te torturam muito para te fazer perder a esperança de que o mundo pode ser transformado num mundo de justiça, de igualdade.  Eles querem te desmoralizar, ofender a tua dignidade.
Viomundo – E a tua irmã?
Amelinha Teles – A Criméia entrou na Oban como se fosse a babá das minhas crianças. Ela tinha um nome falso. Na verdade, ela não era babá.  Foi um artifício que encontrou ali na hora.  Eles procuravam a minha irmã que era guerrilheira. Mas foram tão incompetentes que nos primeiros dez dias não identificaram que a minha irmã estava ali. Quando descobriram, quem foi me torturar foi o general Humberto Souza Neto, que era o comandante do II Exército. Com aquele bastão de comando, bateu em mim, na Criméia e no torturador que estava junto, chamando-o de idiota, incompetente.  “Afinal de contas”, diz ele,  “a cara de uma é focinho da outra.  Onde já se viu que comunista ter babá. Só na cabeça de vocês para acreditar numa história dessas.”
Viomundo – O general bateu no torturador na frente de vocês?!
Amelinha Teles – Bateu. Me lembro muito bem: era velho e barrigudo. Ele bateu com o bastão. E o torturador não levantou um dedo. Aquilo me chamou atenção, porque torturadores espancavam a gente com tanta força, tanta violência, e aquele apanhou. Ele poderia bater no velho, mas não o fez. É a hierarquia. Ele só olhava para baixo. Claro que quando o general saiu, pegaram a gente.  Fomos torturadas durante dias.
Viomundo – Você viu o Danielli ser assassinado. Como foi?  
Amelinha Teles — O Danieli foi muito, muito torturado. No terceiro dia da prisão, ele morreu numa sala de tortura. Estava nu, com uma barriga inchada, enorme, eele era uma cara magro, sangrava pela boca, nariz, ouvido.
Alguns dias depois “capitão” Ubirajara, cujo nome verdadeiro é o Aparecido Laertes Calandra, na época investigador da Polícia Civil, me chamou numa sala de tortura e disse “leia aqui”, me mostrando um jornal. Estava escrito: Terrorista morto em tiroteio. E tinha a foto do Danielli.
Eu falei: “Isso é mentira. O Danielli morreu aqui nesta sala”. Ele respondeu: “É pra você ver como são as coisas. Amanhã você também pode ser uma manchete de jornal”.
Isso que eu e o César assistimos no caso do Danielli se repetiu com vários outros casos  na Oban. Era esse o esquema usado.
Em 7 de julho de 1973, nós denunciamos isso na Justiça Militar, ali na avenida Brigadeiro Luis Antonio. O juiz não queria ouvir. Ele gritava e dizia que nós éramos terroristas.
Eles criavam a figura do terrorista, para justificar todas as atrocidades contra nós.  Lembro que foi muito difícil, mas eu e o César denunciamos o assassinato do Danielli, a tortura da Criméia, grávida de 7 meses. Ela também foi torturada pessoalmente pelo  Ustra. Nós denunciamos também, já na época, o seqüestro dos nossos filhos Edson e Janaína.
Viomundo – Exatamente quando você entrou na Justiça contra o Ustra, denunciando as torturas praticadas por ele?
 Amelinha Teles – A família Teles, da qual faço parte, entrou com uma representação na Justiça aqui em SP na área cível em 2005.  Pela primeira vez na Justiça brasileira se falou imprescritibilidade dos crimes praticados por violações dos direitos humanos. O juiz aceitou o nosso pedido. Além de mim, assinam a representação o meu companheiro, a minha irmã e os meus dois filhos.
Viomundo – O que vocês pleiteiam?
Amelinha – A nossa representação tem o nome de Ação Declaratória, porque nós queremos que o Estado brasileiro declare o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra  torturador. Ele é um torturador.
Nós entramos com ação em 2005, como eu já disse, e ela foi tramitando até que em 2008 houve a decisão, que é uma sentença.
Quem perde a ação, pode entrar com recurso na 2ª instância, caso não concorde com a decisão. Ainda em outubro de 2008, o Ustra entrou com recurso para não ser condenado como torturador. Aí, começaram a ser marcadas as audiências para o julgamento.
A primeira data foi maio de 2012, portanto deste ano. A sessão de julgamento chegou a começar, mas quando chegou a vez do advogado da nossa família se pronunciar, o dr. Fábio Konder Comparato disse que a decisão era histórica, a sua importância extrapolava o território brasileiro, porque era uma decisão que dizia respeito a convenções internacionais de direitos humanos. De maneira que o Brasil estava sendo olhado pelo mundo inteiro para ver como o Brasil ia tratar o seu passado. Afinal, tinha acabado de ser criada aqui a Comissão Nacional da Verdade.
O professor Fábio insistiu junto aos desembargadores que a decisão que tomassem seria repercutida no mundo inteiro. Aí, eles pediram vista do processo, para poderem reanalisá-lo.
O julgamento foi marcado então para o dia 7 de agosto, semana passada. Houve novo  cancelamento,  porque dois desembargadores não poderiam participar. E foi remarcado para esta terça-feira, 14 de agosto.
Viomundo – Qual a tua expectativa?
Amelinha Teles – Entre desaparecidos e assassinados daquela época, há cerca de 40 pessoas que passaram pelas mãos do Ustra de alguma forma, porque ele é quem comandava, ele é quem dava as ordens. Eu fui torturada na mesma sala em que o Merlino estava sendo torturado pelo Ustra.
Logo, é importante que o Tribunal de Justiça ratifique a decisão de primeira instância porque tem de se fazer Justiça. O Tribunal de Justiça tem de estar de acordo com as leis internacionais de direitos humanos, pois a Constituição brasileira apóia todos eles.  Então a importância disto  está em se fortalecer a democracia no país, para se construir um estado de fato democrático.
E junto com isso é preciso uma transformação das instituições das forças armadas. A matança, a tortura e o extermínio ainda estão acontecendo nos dias de hoje. Todos os dias nós estamos nos deparando  com casos de atrocidades com inocentes que são assassinados, exterminados nas ruas de São Paulo por policiais.
Um país que não resolve um problema do passado recente, não vai para  a frente.  Não se pode construir uma democracia com uma polícia tão truculenta, que age como se estivesse numa guerra civil.
A Policia Militar foi criada na época da ditadura militar por iniciativa das Forças Armadas. Na época da ditadura, se considerava que o comunista estava dentro do povo. Então, se dizia que o inimigo estava dentro do povo e poderia ser qualquer um.
Agora, em vez do comunista, é jovem que está na rua. O Brasil é um país onde até hoje nós convivemos com presos políticos que não foram encontrados, que não foram sepultados. Enquanto na Argentina, torturador vai para a cadeia, como o ex-presidente Jorge Videla, e volta e meia mais uma avó da Praça de Maio consegue localizar o neto, nós, aqui, não. Precisamos botar um fim na impunidade.
Luis Merlino e Carlos Nicolau Danielli foram torturados pessoalmente por Ustra; ambos morreram no DOI-Codi/SP

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Decifrando As Etiquetas

Essa é pra você que olha pro conteúdo daquelas etiquetas que vêm nas roupas e parece que está olhando pra uma simbologia extraterrestre ainda não decifrada na terra. Check them out:
Pesquei as fotinhos via Tio Google e coloquei todas estas com algumas coisas repetidas porque nelas têm coisas diferentes ou maneiras de representar uma instrução diferentemente. Por isso.
E se clicar nas fotos elas aumentam.

Polícia Federal acionada para investigar enciclopédia

Viomundo:

do blog do João Bosco Rabello, no Estadão, sugerido pelo Ze Povinho
BRASIL

05.agosto.2012 12:44:12

Gilmar Mendes pede à PF investigação da Wikipédia no Brasil
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), representou à Polícia Federal pedindo a abertura de investigação contra a Wikipédia. O ex-presidente do STF fez gestões junto ao conselho editorial da enciclopédia virtual no Brasil para corrigir o que avalia estar distorcido em seu verbete , que considerou ideológico. Sem êxito junto aos editores, decidiu investir contra o produto. Para ele, a Wikipédia está “aparelhada”.
A parte do verbete que deu causa à reação do ministro foi a que reproduz denúncia da revista Carta Capital que ele contesta judicialmente. Gilmar sustenta que por ser uma enciclopédia, o verbete deve ser estritamente informativo sobre o biografado, sem absorver avaliações de terceiros ou denúncias jornalísticas. Ele se queixa também de o trecho reproduzido da revista ocupar seis parágrafos, muito mais que o espaço dispensado à sua carreira, inclusive o mandato de presidente do STF, resumido a um parágrafo. A carreira de Gilmar no STF completou dez anos.
Paralelamente, Gilmar prepara uma representação ao Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, pedindo investigação do uso de recursos públicos para financiamento de blogs de conteúdo crítico ao governo e instituições do Estado. Ele quer saber quanto as empresas estatais destinam de seus orçamentos para esse tipo de publicidade. Gilmar argumenta que não se pode confundir a liberdade constitucional de expressão com o emprego de dinheiro público para financiar o ataque às instituições e seus representantes.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Justiça de SP proíbe PM de expulsar usuários da Cracolândia

Carta Capital:
A Justiça de São Paulo concedeu nesta terça-feira 31 uma liminar proibindo a Polícia Militar de impedir que os usuários de drogas da Cracolândia circulem ou permaneçam nas ruas da região. A decisão foi dada pelo juiz Emílio Migliano Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública, depois que o Ministério Público do Estado entrou com uma ação civil pública, no dia 12 de junho, reivindicando a interrupção da operação que já durava mais de sete meses.
Em caso de descumprimento da decisão judicial, foi fixada multa diária no valor de 10 mil reais Foto: Werther Santana/AE
Em sua decisão, o magistrado determina que a PM “se abstenha de ações que ensejem situação vexatória, degradante ou desrespeitosa em face dos usuários de substância entorpecente, e não os impeça de permanecer em logradouros públicos, tampouco os constranja a se movimentarem para outros espaços públicos, bem ressalvada a hipótese de flagrância delitiva”. Em caso de descumprimento da decisão judicial, foi fixada multa diária no valor de 10 mil reais.
Migliano Neto ressaltou que é obrigação do governo garantir o bem-estar de dependentes químicos. “É dever do Estado em prover, por meio do Sistema Único de Saúde, os cuidados aos dependentes químicos frequentadores não só da ‘Cracolândia’ paulistana, mas de todos os espaços públicos igualmente degradados em seu território”, afirmou.
Para isso, ele sugeriu a adoção de medidas como internação involuntária, quando elas forem diagnosticadas como a melhor opção do ponto de vista médico. Ainda, o juiz frisou que é preciso tratar da questão com ações mais efetivas. “Sem que se avente em contradita qualquer violação ao direito de ir e vir do portador de transtorno mental ou com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. É passada a hora de o Estado intervir eficazmente na questão”.
A ação civil pública havia sido ajuizada por uma equipe de promotores sob o argumento de que a operação policial vem usando de truculência e violência, dispersando os dependentes químicos para outras regiões da capital e criando dificuldades para o trabalho de agentes de saúde e assistência social.
Eles também demonstraram que a ação da PM não conseguiu quebrar a logística do tráfico – uma das justificativas para sua deflagração -, além de terem ferido os princípios básicos de direitos humanos.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Doctor Who – Vale Cada Minuto!

Apaixonados por series:
Doctor Who é uma série obrigatória para todo apaixonado por séries. A série da BBC vai contra a maioria das séries britânicas, que tendem a ter poucas temporadas, sendo a série de ficção científica mais longa do mundo, existindo desde 1963! Desde então, muita coisa aconteceu. A série chegou a ficar alguns anos fora do ar, mas nunca foi encerrada (o universo de Doctor Who não se limita apenas à TV, também há audiobooks, livros, revistas, HQs, etc). Em 1989, a série foi suspensa da televisão. Em 1996, na tentativa de trazer o Doutor de volta ao ar, a BBC se juntou com a FOX para um telefilme. O filme não é muito apreciado pelos fãs, mas Paul McGann é considerado oficialmente a 8ª regeneração do Doutor.Em 2005, Russell T. Davies e Julie Gardner trouxeram Doctor Who de volta para TV britânica. Agora, você me pergunta: “sobre o que é essa série e como pode durar tanto tempo?”. Simples: A série gira em torno do Doutor. Sim, esse é o nome dele. “Just The Doctor”. Ele é um Senhor do Tempo, um alienígena de 900 e tantos anos com 2 corações. Ele viaja no tempo e espaço em uma TARDIS Time And Relative Dimensions In Space - que se parece com uma cabine de polícia britânica da década de 60. Isso porque o circuito camaleão quebrou, pois uma TARDIS pode se camuflar de acordo com o lugar e época em que ela pousa. Sim, ela é mais legal do que o DeLoreanAté porque ela é maior por dentro do que por fora.
O Doutor nunca viaja sozinho e por isso sempre acaba levando pessoas que ele encontra pelo caminho com ele. A durabilidade da série está relacionada à habilidade dos Senhores do Tempo de se regenerarem. Quando ele está perto de morrer, ele muda todas as células do corpo, se transformando totalmente. Por causa disso, o ator que representa do Doutor sempre muda, sendo que hoje ele está em sua 11ª regeneração.Agora, você que nunca assistiu a série pensa: “nossa, esse negócio parece ser bom mesmo. Mas por onde eu começo?”. Boa pergunta. Bom, a série é dividida em série clássica, que é a de 1963 – 2005 e a  atual, que é de 2005 até hoje. Digamos que a clássica é nível para fã avançado. Então a gente foca na atual. Começa-se a contar as temporadas a partir de 2005, então essa é a 1ª temporada da série atual. Algumas pessoas sugerem ir direto para a temporada de 2010, com Matt Smith, 11º e atual Doutor. Dá para entender a história facilmente, mas o problema é que você perderia muita coisa boa.
Mas sejamos honestos. Se o primeiro episódio que eu tivesse assistido fosse Rose (1×01), eu nunca (repito, nunca!) assistiria o resto. Os efeitos são estranhos, as histórias também… No começo da 1ª temporada é tudo meio infantil e esquisito. O primeiro episódio que eu assisti foi A Christmas Carol, que é o episódio de Natal da 5ª temporada. Eu assisti porque vi gente comentando na internet e a imagem promocional é linda. Dá para entender tudo tranquilamente sem nunca ter assistido nada. Quando o episódio acabou eu só conseguia pensar: “como que eu fiquei tanto tempo sem assistir isso??”. É definitivamente o melhor episódio de Natal que já vi na vida.Só continuei a assistir a 1ª temporada porque se uma série conseguia fazer um episódio tão maravilhoso, ela merecia uma chance. Hoje eu já vejo a beleza da temporada de 2005 e acho que todo mundo tinha que assistir, mas o primeiro episódio que me empolgou foi o duplo The Empty Child / The Doctor Dances (1×09 / 1×10). A partir daí a série me conquistou.
Então o que eu recomendo? Assista tudo desde 2005. Mas não comece com Rose sem tem assistido nenhum episódio mais para frente. Sempre que eu recomendo a série para alguém eu falo para assistir algum episódio antes para ver o potencial da série. Recomendo sempre o clássico: Blink (3×10). Primeiro porque o episódio é completamente filler. Ele não tem conexão com a temporada e não precisa ter nenhum conhecimento da história para acompanhar. Na verdade, o Doutor aparece apenas por alguns momentos. E ainda assim o episódio consegue ser uma obra prima. É sério. Mas uma dica: Não façam como eu fiz. Não assistam sozinhos de madrugada.
Doctor Who é uma série fantástica porque ela se sustenta sozinha. Ela não depende de nenhum ator específico. Os atores vem e vão, mas a série continua. É uma série que se dedica mais às histórias do que aos efeitos especiais e por causa de tudo isso que consegue ser tão duradoura. A série não se prende à um único gênero: ela pode ser comédia, drama, romance e terror, tudo ao mesmo tempo. Who tem o mesmo efeito em mim que Harry Potter, As Crônicas de Nárnia O Senhor dos Anéis. Há uma mágica nas histórias que me deixa fascinada. Sempre haverá outras séries que eu amo, mas essa é especial. Então eu garanto: Vale cada minuto! Se você começar a assistir e achar chato, dê mais uma chance, porque quando você menos esperar, ela pode se tornar a sua série favorita.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Única e múltipla

Carta Capital:
Jane Fonda, que em dezembro completa 75 anos, já viveu muitas vidas, e não apenas nas telas. Filha de um dos maiores astros de Hollywood, Henry Fonda, ela foi símbolo sexual, militante comunista, missionária da boa forma, madame milionária, mas, sobretudo, grande atriz.
Jane Fonda. Militante, símbolo sexual, missionária da boa forma, mas sobretudo grande atriz
Perfeitamente sintonizada com sua época, Jane expôs as múltiplas faces da mulher norte-americana contemporânea. Depois das comédias românticas do início da carreira, marcou época na ficção científica pop Barbarella (1968), de seu então marido Roger Vadim. Em seguida, encarou seus papéis mais densos: a derrotada suicida de A Noite dos Desesperados (Sydney Pollack, 1969), a prostituta chantageada de Klute (Alan Pakula, 1971).
Radicalizou suas posições políticas, incentivada pelo segundo marido, o ator e ativista Tom Hayden. Sua militância pró-vietcongue rendeu-lhe o apelido de Hanói Jane. Como produtora, bancou e estrelou filmes sobre o Vietnã (Amargo Regresso), o fascismo (Julia) e o perigo nuclear (Síndrome da China). Militante feminista, causou surpresa ao lançar em 1982 seu primeiro livro de ginástica.
Em 1990 anunciou sua aposentadoria, e no ano seguinte casou-se com o magnata das comunicações Ted Turner. Mas voltou à ativa em 2005, em A Sogra, e a partir daí não parou. Será a ex-primeira-dama Nancy Reagan em The Butler, de Lee Daniels, previsto para 2013.
O talento herdado do pai e lapidado no Actors Studio foi recompensado com dois Oscars (por Klute e Amargo Regresso) e outras cinco indicações. “Simular emoção é fácil para mim. Meu pai dizia que os Fondas são capazes de chorar diante de um bife.”
DVDs

Histórias Extraordinárias (1968)

Curiosa reunião de contos de Edgar Allan Poe adaptados por Federico Fellini (Toby Dammit), Louis Malle (William Wilson) e Roger Vadim (Metzengerstein). Jane Fonda é a condessa Frederique Metzengerstein, que se entrega a orgias e crueldades e cujo amante reencarnou num cavalo. 


Klute, o Passado Condena (1971)

Um homem desaparece e a única pista que o detetive John Klute (Donald Sutherland) tem é uma carta enviada por ele a uma prostituta (Jane Fonda). Passa a vigiá-la e descobre que outros a perseguem. A atriz ganhou seu primeiro Oscar pela atuação nesse drama de Alan J. Pakula.


Num Lago Dourado (1981)

Professor aposentado (Henry Fonda) e sua mulher (Katharine Hepburn) recebem em seu chalé de veraneio a visita da filha (Jane Fonda), que eles não viam havia anos. Jane Fonda produziu o filme de Mark Rydell em homenagem ao pai. Foi a única vez em que atuaram juntos, o último filme dele e o único que lhe deu o Oscar de ator.