sexta-feira, 13 de julho de 2012

Como transformar um sedã careta em um personagem de Mad Max

O avô de Carl Rice deu a ele, em 2001, um Chrysler Sebring – e eu acredito que essa é a maneira mais comum de alguém acabar virando dono de um Sebring. Um acidente em uma das rodovias da Califórnia foi a deixa para que Rice transformasse o carro em uma máquina de sobrevivência pós-apocalíptica. Mas como e por que ele fez isso?

O Sebring era um meio de transporte comum e anônimo até que Rice sofreu em um acidente com sete envolvidos em uma rodovia de Los Angeles. Um acidente onde, incrivelmente, nenhuma das partes tinha seguro, então todos concordaram em ficar de boca calada e sumir dali.
Os danos ao Sebring não foram tão ruins. O maior estrago ficou nos para-choques dianteiro e traseiro. Rice até pensou em comprar novos para-choques, mas aí lhe ocorreu que “de jeito nenhum eu pago essa grana por um monte de plástico.” E foi nessa hora que tudo mudou.
Rice, além de instrutor de canoagem, mentor de um centro de saúde mental, e fotógrafo, é piloto dublê e trabalha para uma empresa que incentiva que se tomem certas liberdades com os carros, e foi exatamente isso que ele fez. Rice percebeu que um sedã sem graça não é necessariamente uma sentença de tédio automotivo – o melhor é encará-lo como uma tela em branco com potencial para se tornar qualquer coisa. E o “qualquer coisa” de Rice era um veículo pós-apocalíptico inspirado em Mad Max.
Ele começou juntando sucata e soldando grandes para-choques feitos com aço e tela perfurada. Então começou o processo surpreendentemente trabalhoso de remover toda a pintura. Em algumas partes foram usados produtos químicos, mas a maioria do serviço foi feito com uma lixa. O objetivo era chegar até o metal para que o carro criasse uma bela camada de ferrugem na superfície – e parece que está no caminho certo.
O capô, a tampa do porta-malas e o teto receberam racks elevados que Rice usa para levar objetos maiores, aumentando drasticamente a versatilidade do carro. Por dentro, o banco do passageiro foi removido e deu lugar a um colchão de acampamento, que pode virar cama ou servir como o banco do carona mais confortável da história.
Também existe muita coisa falsa no carro, como as entradas de ar no capô, as borboletas do blower, a polia do supercharger e os lança-chamas nas laterais – completos com plugues e fios. Rice já pensou em torná-los funcionais, mas para ele isso não valeria o esforço.
Os “upgrades” futuros incluem trocar o sistema de iluminação original por um feito sob medida, e a instalação de luzes auxiliares no teto.
O “Rolls-Rice” – o apelido que o dono deu ao carro – pode não ser o trabalho de personalização mais cuidadoso ou refinado, nem o mais original. Mas isso acaba não importando. É divertido. As crianças o adoram, e as pessoas sempre param para fotografá-lo ou só olhar para ele, duas coisas que eu tenho certeza que nunca aconteceriam se fosse um Sebring original.
Rice diz que já sofreu reações negativas também – os donos da casa em frente ao centro de saúde mental onde ele trabalha pediram que ele não estacionasse o carro em frente a sua propriedade, e conta que já disseram que o carro é “grotesco”, o que leva a pensar se tais pessoas já viram um Sebring original.
Em Los Angeles, Rice tem pouquíssimos problemas com a polícia, mas assim que deixa a cidade as coisas mudam. Toda vez que vai para a cidade vizinha de Joshua Tree, por exemplo, a polícia o para e pergunta: “tem armas ou drogas no carro?” Levar qualquer coisa mais ilegal do que uma carta sem selo em um carro como esse seria uma péssima ideia – quem seria tão idiota?
Rice diz que o carro ficou mais econômico depois das modificações, pois muitas “inutilidades” foram retiradas, então se se você está pensando em fazer algo assim, eis um bom argumento para convencer sua esposa. Ele também pretende organizar um encontro/rali para carros “estilo Mad Max” do sul da Califórnia. A área é bem deserta, então uns dez desses poderiam convencer um cara mais distraído que a sociedade civilizada acabou.
Eu sei que aparecerão nos comentários pessoas dizendo que esse é só mais um caso de um cara que soldou um monte de porcarias em seu carro. Mas não se trata disso. Esse é um cara que pegou um automóvel normal e chato e o deixou do jeito que queria, sem medo de tentar coisas novas. Então, todos vocês que estão presos a algo sem graça de que vocês nem gostam, inspirem-se nisso. É uma tela em branco. É a liberdade. Hora de pirar – e depois me mandar algumas fotos.

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